Biografia de Vicente de Paulo
Filho de pais camponeses, Vicente de Paulo nasceu nas Landes francesas em 1581 e morreu em Paris no ano de 1660. Ordenado sacerdote em 1600, exerceu o ministério sagrado em diversas missões: educador na corte e numa família nobre, capelão do “hospital da caridade” e das galeras reais, pároco de aldeia, conselheiro para os assuntos eclesiásticos no governo, pacificador, pregador de retiros aos candidatos à ordenação sacerdotal, fundador de seminários, de associações de caridade e de duas congregações religiosas… Foi um sacerdote muito activo e criativo.
Começou por ver as condições deploráveis em que se encontravam os doentes do “Hospital da Caridade” em Paris e os serviços deficientes que eram prestados. Para melhorar a situação, oferece o dinheiro que tinha recebido para seu uso pessoal. Ao saber da miséria em que se encontram os camponeses nos arredores de Paris, oferece-se para ser pároco de uma aldeia, deixando a corte. Dedica-se a instruir as pessoas sobre a fé de modo acessível e funda uma escola para ensinar as crianças. Depois, a pedido do bispo, aceita ser educador numa família nobre e influente no Reino. Com a sua pregação consegue demover o nobre de participar num duelo, disputa em que na época morriam bastantes pessoas.
Impressionado, uma vez mais, pelas informações sobre a situação miserável em que viviam as pessoas nos campos, obtém a nomeação para uma paróquia de aldeia, dominada pela influência protestante. Ali, a partir de um caso de grande necessidade de uma família pobre e doente, descobre muita disponibilidade nos corações das pessoas para a prática da caridade e compreende que esta precisa de ser organizada. Reuniu então um grupo de mulheres e instruiu-as sobre a forma de servir os pobres e os doentes, de modo organizado. Deu assim origem às “confrarias da caridade”, que se constituíram em grande número em toda a França.
Uma nova missão leva-o a conhecer a situação degradante dos condenados nas prisões e nas galés reais. Intervém junto do comandante, para defender a dignidade daqueles homens e moderar a violência exercida sobre eles, dizendo: “Não há homens inferiores aos olhos de Deus” e “Não compreende que num homem que sofre é Jesus que sofre?”. Conseguiu então também a possibilidade de voluntários visitarem os presos para lhes darem algum conforto.
Na sua época, a França esteve durante bastante tempo em guerra e passou por momentos de conflitos internos violentos. O padre Vicente promove e organiza a ajuda às vítimas e vai junto dos responsáveis no poder para se alcançar a paz politica e social. Por vezes foi mal compreendido.
Ao deparar com crianças abandonadas pelas suas mães, suscita a colaboração de algumas mulheres e cria a “Obras das crianças abandonadas” para as amparar e educar. Ocupa-se também da formação dos sacerdotes, pregando retiros de preparação para a ordenação e instituindo seminários.
S. Vicente de Paulo foi verdadeiramente dotado do carisma da caridade mas também do talento da organização. Movia-o o amor de Cristo. Numa das suas muitas cartas recomendava: “Também nós devemos ter os mesmos sentimentos de Cristo e imitar o que Ele fez: cuidar dos pobres, consolá-los, socorrê-los e recomendá-los”. E ainda: “O serviço dos pobres deve ser preferido a todos os outros e deve ser prestado sem demora. Se durante o tempo de oração, tiverdes de levar um medicamento ou qualquer auxílio a um pobre, ide tranquilamente, oferecendo a Deus essa boa obra como prolongamento da oração. Servir um pobre é também servir a Deus. A caridade é a máxima norma, e tudo deve tender para ela; é uma grande senhora: devemos cumprir o que ela manda”.
Para ele, a iniciativa para fazer o bem vinha-lhe da observação da realidade. Poderia bem dizer: “Deus deu-me um rico par de olhos para ver à minha volta, um coração para não ficar insensível diante dos sofrimentos alheios e um pouco de inteligência e de vontade para agir em conformidade”. Promoveu a caridade individual e em grupo. Formou pessoas para a exercerem não apenas com amor e sensibilidade mas também de modo competente. E procurou ir às causas do sofrimento e da pobreza, fazendo-se ouvir pelos que detinham o poder e podiam melhorar determinadas situações.